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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Os Druidas de Valmenor (27)

Kli Van-Kli, "Os Druidas de Valmenor" (c) 2012 Luís Diferr

O cimbalino, usando do maior comprimento do seu cajado, acerta uma pancada no queixo de um deles e depois, com uma extraordinária agilidade, salta por cima dos outros, um dos quais é imediatamente esmurrado por Asdrúbal Moutinho. Kli aterra atrás do gordo, que sua e arfa, como da primeira vez: “Hu! Hu!”. Não se livra o homem de uma tacada no crânio, antes mesmo de ter tempo para se virar; “HU!”
– Ora, cá estamos nós outra vez! – diz-lhe Kli, enquanto ele vê estrelas.
Mas já um companheiro investe sobre o cimbalino, erguendo a espada e rugindo!
POC!  Antes que possa desferir o golpe, é atingido por uma pedrada na cabeça. É o puto Aderbal que entra na liça!
– Aderbal, que estás aqui a fazer? – lança-lhe o pai.
O miúdo gira novamente a sua funda.
– A mãe mandou perguntar se contas com muita gente para o almoço – diz ele, acertando na pança do gordo.
– Não – responde Asdrúbal, batendo com a cabeça de um servo na árvore.  – O habitual. A menos que estes amigos pretendam ficar!...
Três dos “amigos” estão por terra, um devido à pedrada de Aderbal e o outro por ter batido com a cabeça no tronco. A este último o estalajadeiro pediu a espada emprestada. Quanto ao gordo, aturdido, contorce-se com dores.
Mas eis que um quarto (anteriormente esmurrado pelo estalajadeiro) se atira a este, enquanto ele recomenda ao filho: – Vá, põe-te a andar!
A distração de Asdrúbal vale-lhe um golpe no braço esquerdo!
Kli, por sua vez, enfrenta o adversário a quem dera uma paulada no queixo. O homem é forte e destemido e ataca-o com a espada em riste.

Do alpendre da estalagem, ao lado de Elissa e de Amílcar, excitados, Lúcio Simplex observa a luta. Virá ele a escrever mais tarde:
“A liça foi terrível, com dois Heróis e um fundibulário juvenil a desancarem a turba. Os golpes vibrados nesse dia ficarão na memória dos deuses como dos mais viris da história deste rincão.”
Aderbal passa célere por Lúcio e pelos irmãos e grita através da porta aberta:
– Mãe! O pai diz que não há novidade!
 A mãe, lá de dentro, responde:
– Ótimo. Espero que ele não se atrase!...
Quando o rapaz se prepara para descer as escadas e retornar à liça, depara com uma rapariga alta e loura, que na rua acaba de chegar a correr. É Ariska, uma das filhas do Eslavo. Ela detém-se ao vê-lo, mexe nervosamente uma mão na outra e pergunta:
– O que se passa ali, Aderbal?
– Não vês, Ariska?! – responde ele, contrariado. – Estão à porrada!
– Mas tu não vais lá, pois não?
– Não sejas parva! Achas que eu ia perder a festa?
Porém, para seu maior contratempo, Mirthô surge à porta, avista a luta e repreende-o:
– Onde vais tu, meu espertinho? Não penses ir divertir-te com o teu pai, ora essa! Tens que me ajudar a carregar os legumes da cave e a preparar o almoço. A vida não é só brincadeira.
Resmungando, Aderbal volta para dentro. A mãe acompanha-o, não sem antes cumprimentar a jovem adolescente:
– Olá, Ariska! – E, depois de um momento a observá-la, completa: – Não devias ligar a este palerma! Queres cá almoçar?
– Não. Acho que não.
– Então, cumprimentos ao teu pai.
E, com isto, deixa-a ali especada. Sob o olhar de Lúcio, ela, depois de olhar para a refrega, sai a correr em direção à sua casa, no outro extremo da aldeia.
– Adeus, Ariska! – gritam-lhe Amílcar e Elissa.

Debaixo da árvore, Asdrúbal e Kli defrontam os seus adversários. O oponente de Kli desvia-se e, com um violento golpe de espada, corta-lhe um bocado do cajado.
– Malandro! O meu cajado de sorveira brava! – brada o cimbalino. Apoia-se no pau para lhe dar com os pés, mas o gordo, no chão, corta-lhe mais um bocado do mesmo... e ele cai!
O palerma dá pulos de alegria: – Viva! Palermas! Capachos!
[CONTINUA]

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